Aos 28 anos consigo enxergar claramente a importância que a minha mãe tem na minha vida.
A adolescencia é cruel, culpamos e julgamos em primeirissimo lugar... o lado bom de envelhecer é criar maturidade.
Hoje vejo que fui criada por uma guerreira.
Analisando a minha vida (minha idade, formação, trabalho, salário) penso que não tenho condições de criar uma criança (as condições que eu estipulei como mínimas para tal).
Aos 23 anos então, muito menos... e era uma estudante que trabalhava na própria área e com um salário bacana pro período. Nasci 7 meses antes da minha mãe completar 23 anos.
Minha mãe nasceu em uma família pobre (não miserável) tem 10 irmãos, carinho (abraços e beijos) nunca foram abundantes, não completou os estudos e foi mãe solteira. Ela me criou sozinha, tive períodos curtos de paternidade presente.
Quando eu tinha 8 anos minha mãe, com 30, teve um quadro de depressão profunda (de vez em quando ainda tem recaídas e usa remédios para controle da mesma). Teve que parar de estudar, ela tinha se programado pra fazer uma faculdade.
O tempo todo ela foi mãe, do tipo mais protetor...
Na década de 80 e começo de 90 não tinha creche na cidade onde eu cresci. Em todos os empregos por onde passou ela me levava junto agarrada a barra de sua saia. Se eu parar pra pensar consigo contabilizar em um número baixo as vezes em que outra pessoa teve que cuidar de mim.
Até os 10 anos ela me levava e ia buscar na porta da escola, numa cidade de 3 mil habitantes onde todo mundo se conhece e morando a 2 quadras de lá. Até esse período ela também me acompanhava na hora das lições de casa.
Sempre foi extremamente exigente.
Exigente com meus estudos, com a minha educação, com a forma de encarar as opções que a vida oferece (drogas e álcool).
Extremamente cuidadosa, sempre tinha que saber onde e com quem me encontrar, e vice e versa.
Por causa de esforços dela me foram abertas portas, por exemplo meu curso de inglês que ganhei de uma de suas patroas.
Meu papel nessa história sempre foi aproveitar estas oportunidades, os cursos, as pessoas, a forma de agir... pra mim ficou a parte fácil.
Foi ela que me apresentou os caminhos pra que conhecesse e respeitasse a Deus, os princípios de certo e errado, bom e ruím. Acredito que isso tenha sido fundamental pra formação do meu caráter.
Me ensinou a amar e respeitar os animais. Ela os trata como filhos e acho isso o máximo!
Houve um período em que trabalhou do lado da escola onde estudei, o que a aproximou muito dos meus amigos de infância. Fico muito feliz em ver como a maioria a trata com carinho. Hoje ela tem mais proximidade com alguns deles do que eu, e também acho isso o máximo!
Sempre foi muito bem humorada e livre de preconceitos, minha casa sempre esteve de portas abertas pra todos os tipos de pessoas.
Conheço amigos que tiveram condições muito mais fáceis de vida ou condições similares que não tiveram o suporte que eu tive e ainda tenho.
Minha mãe nunca me abandonou em nenhum sentido.
Graças a essa mulher hoje Eu sou uma mulher formada, construindo um patrimônio, independente e forte.
Tenho uma mãe muito melhor do que eu mereço.
MÃE em maiúsculo, com todos os deveres cumpridos à risca.
Uma heroína que encarou de frente todas as responsabilidades que a vida lhe deu.
Se como mãe eu chegar a 1/3 do que é a minha já terei feito um bom trabalho.
Me orgulho e amo muito a mãe que tenho! Agradeço a Deus por ter percebido isso a tempo de poder deixar claro pra ela o quão importante é pra mim.
Obrigada por ser minha mãe!